Gargalos Logísticos: Exemplos + Como Minimizar seus Efeitos
Se você trabalha com logística, sabe a quantidade de processos que estão envoltos a essa atividade.
Para o cliente receber a confirmação de pedido entregue, há uma verdadeira cadeia de operações que o precede
Mas e quando alguma dessas cadeias acabam dificultando a fluidez do processo logístico, o que fazer?
É preciso identificar os gargalos logísticos.
Neste artigo vamos te mostrar como identificar gargalos logísticos e, principalmente, dicas de como resolvê-los.
Afinal, o que são gargalos logísticos?
Gargalos logísticos são todas as etapas pertencentes ao processo logístico que geram entraves na concretização do serviço prestado.
Ou seja, qualquer parte dos processos logísticos que sobrecarregue, atrase ou resulte na queda de desempenho da cadeia logística, pode ser considerado um gargalo logístico.
Quando pensamos que a função da logística é tornar a entrega efetiva, gargalos merecem grande atenção, logos que, se não resolvidos, implicam no aumento de custos, geração de atrasos, a produtividade da equipe é reduzida e, consequentemente, aumenta a insatisfação do cliente.
E tudo isso pode ter vários fatores e agentes causadores, como a má gestão, problemas relacionados a setores, erros humanos, falta de recursos tecnológicos, dentre tantos outros, sendo extremamente necessário identificá-los para serem reduzidos, ou eliminados.
5 principais exemplos de gargalos logísticos no Brasil
O primeiro passo para resolver um problema é identificá-lo.
Por isso, listamos abaixo os principais gargalos do país, enfrentados por especialistas em logística todos os dias, para você avaliar se o seu negócio também se enquadra a essas realidades.
1) Dependência das rodovias
Sim, o Brasil é um dos países que tem uma das maiores malhas rodoviárias do mundo.
Segundo dados da Conferência Nacional do Transporte (CNT), o país possui 1,7 milhão de quilômetros de rodovias em todo seu território.
Apesar desta grande extensão, apenas 12,4% são pavimentadas, segundo a mesma fonte e, destas, muitas não recebem a devida manutenção.
Tudo isso reflete em avarias às cargas, aumento na frequência de manutenção da frota como também no aumento de poluentes no meio ambiente.
Além disso, corre-se o grande risco de acidentes e furtos de mercadorias.
A grande solução para isso seria a disseminação de entregas por várias frentes de modais de transporte, com os quais seria possível otimizar entregas de acordo com as características de cada modal e produto.
2) Níveis de estoque
É necessário ter muita atenção aos níveis de estoque.
Estoques são necessários para atender a demanda de uma empresa, principalmente quando a saída de um produto é intensificada em algum período, por qualquer razão.
Por isso, estoques abaixo da demanda refletem no não atendimento ao cliente que procura o produto que, por consequência, realizará sua compra na concorrência.
Por outro lado, um alto nível de estoque é prejudicial ao fluxo de caixa, logo que mercadoria guardada é sinônimo de dinheiro investido sem retorno.
É preciso encontrar um equilíbrio nessa relação de volume e vazão de mercadorias para não gerar um gargalo logístico.
3) Treinamento de equipe
Apesar do apoio de muitas tecnologias disponíveis no mercado atualmente, vários dos processos logísticos ainda dependem e passam pelas mãos humanas que, se não bem treinadas, respaldam em grande entraves, como avarias nos produtos e maiores riscos de acidentes.
O treinamento de equipe e incentivo a qualificação profissional reflete em tarefas e processos melhor executados que, a longo prazo, resultam no bom desempenho da empresa.
4) Questões jurídica e fiscais
Para o funcionamento legal do setor logístico, uma série de regras jurídicas e fiscais são impostas às diversas etapas de execução deste processo.
Legalmente falando, há a necessidade de monitoramento e registro eletrônico de cada etapa de deslocamento do produto para uma maior segurança, controle e clareza, tanto por parte do cliente, como da empresa.
Quando tais regras não são cumpridas, reflete-se no pagamento de multas e problemas fiscais, ou seja, verdadeiras dores de cabeça para a empresa.
Por isso, para evitar tais problemas, soluções recomendadas são a aposta em ferramentas tecnológicas que garantirão o rastreamento dos produtos, bem como a contratação de consultores especialistas na área fiscal, diminuindo, assim, tais riscos.
5) Processos manuais
E por falar em investimento em tecnologia, sem dúvidas a falta de esforço na aplicação de tais recursos é um dos maiores gargalos logísticos das empresas.
Como mencionamos, a legislação exige o rastreamento de cada etapa do processo de deslocamento de um produto até a sua entrega.
Em um país continental como o Brasil, imagine realizar esse monitoramento por planilhas de Excel ou cadernetas…
As chances de isso dar errado é enorme.
A tecnologia entra, então, não apenas como uma aliada, mas como uma verdadeira necessidade, logo que sua não utilização é sinônimo de dor de problemas premeditados.
6 dicas para minimizar os efeitos dos gargalos logísticos
Agora que você já identificou os possíveis gargalos logísticos que geram entraves na sua empresa, é hora de entender mais a fundo as possibilidades de resolução.
1) Contrate transportadoras especializadas
Além dos problemas que já mencionamos a respeito da grande dependência da malha rodoviária brasileira para o transporte, também existe o entrave de cada carga necessitar de um transporte adequado.
Por exemplo, uma carga frágil não pode ser transportada em um caminhão aberto, ou produtos perecíveis em veículos não apropriados, e assim por diante.
Por essa razão, e outras mais, como a falta de investimento governamental na infraestrutura das rodovias, contratar transportadoras especializadas nas cargas evita a maioria dos problemas em torno do trabalho logístico.
Assim, os prazos de entrega são mais garantidos, aumenta-se a disponibilidade de veículos adequados, dentre outros benefícios que aumentam a confiança do cliente na empresa.
2) Use embalagens resistentes
Ainda nessa mesma linha de raciocínio, mesmo que o transporte seja o mais adequado possível, se o produto não estiver embalado de maneira eficiente e segura, de nada vai adiantar os esforços aplicados na escolha de transportadoras especializadas.
Da saída do armazém até a chegada ao destino solicitado pelo cliente, a embalagem pode sofrer pequenos amassos ou juntar sujeira.
Mesmo que seja importante evitar esse tipo de situação na entrega, alguns imprevistos podem acontecer, e se são inevitáveis, é possível ao menos preservar o produto de avarias com a utilização de embalagens resistentes.
Veja também: Embalagem na logística: tipos, cuidados e como escolher a ideal
3) Invista em controle de estoque
Como vimos anteriormente, o alto ou baixo volume de estoque, mesmo que por razões diferentes, são igualmente prejudiciais ao empreendimento.
Podemos até mesmo dizer que movimentar o estoque é o mesmo que mexer nas aplicações e ações da empresa, logo que podemos enxergá-lo como um investimento ao qual a empresa espera retorno.
Por isso, algumas práticas podem contribuir para que essa movimentação seja assertiva e não cause prejuízos.
Podemos citar como exemplo de boas práticas de controle de estoque:
- Contabilização do inventário da empresa;
- Se atentar aos períodos sazonais que demandam estoques maiores;
- Adoção de práticas de picking e packing.
4) Gestão da Informação
Trabalhar com logística é lidar com um turbilhão de informações.
São diversos os processos, sejam eles internos ou externos e, para cada etapa é necessária a produção e processamento de muitos dados, como especificação de produtos, custos, unidades de manutenção de estoques, dentre outros.
Controlar todas essas informações possibilita uma visão geral do que acontece nos processos logísticos e, consequentemente, uma inteligência estratégica que reflete vantagens competitivas.
Porém, gerir todo esse volume de informação não é uma tarefa fácil, mas para isso, a tecnologia vem como grande aliada.
Por isso, invista em um ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento dos Recursos da Empresa).
Ou seja, um software que centraliza todos os dados, armazena-os e também emite relatórios e históricos com os quais é possível identificar gargalos logísticos existentes e tomar decisões assertivas para eliminá-los ou diminuí-los.
5) Adote estratégias de logística reversa
Sempre espera-se que a devolutiva de produtos ocorra o menos possível, logo que a troca também reflete em custos.
Porém, essa atividade também é um direito do cliente e precisa ser garantida pela empresa, conforme o código do consumidor.
Por isso, planejar a logística inversa é essencial para estar preparado para tais situações e evitar reclamações por parte dos clientes, além de problemas com o PROCON.
Disponibilizar links e meios de contato entre consumidor e empresa é um caminho assertivo para facilitar essa operação e diminuir as filas nos setores de atendimento e reclamações.
Além disso, a equipe precisa estar preparada para atender o cliente insatisfeito que entra em contato com a empresa. Esse contato pode ser decisivo para fidelizar ou perda definitiva do cliente.
6) Capacite seus funcionários
Se você chegou até aqui, já deve ter percebido, além de ter ficado extremamente clara a importância dos recursos humanos nos processos logísticos.
Uma questão que ainda paira na cabeça de muitos CEOs e gestores é pensar que investir em treinamentos ou qualificações de funcionários e equipes é perda de dinheiro, logo que não demora muito para estes saírem da empresa.
Pensar desta forma é extremamente errôneo, logo que a mão de obra humana sempre fará parte dos processos logísticos.
Se a insegurança de investimento em equipes em razão da não permanência na empresa é real, é momento de repensar nos incentivos e planejamento de carreira oferecidos aos funcionários.
Pessoas sempre buscam o melhor para si, seja de forma pessoal, seja profissional. Se no seu local de trabalho conseguem enxergar possibilidades de crescimento e estabilidade financeira progressiva, as chances de trocar de emprego diminuem.
E claro, para além do treinamento, também é essencial à equipe ter à sua disposição equipamentos de qualidade para a boa execução do trabalho, como paleteiras e empilhadeiras, em setores relacionados ao armazém, por exemplo.
Sem as ferramentas adequadas, de fato, todo o investimento em qualificação será desperdiçado.
Investir em outros tipos de entrega é uma solução?
No processo de compra, poucas coisas são tão frustrantes ao consumidor que comprar algum produto e o mesmo não chegar no tempo prometido pela empresa, ou o mesmo chegar com avarias.
Quando falamos sobre produtos de altos valores, então, a frustração se multiplica, afinal, imagine economizar por um longo período e, após gastar o suado dinheiro, o produto não chegar ou chegar disfuncional.
A insatisfação pode ser tão grande que provavelmente extinguirá toda credibilidade da empresa com o consumidor.
Por isso, não tem como correr riscos, e pensar estrategicamente é essencial.
Além de seguir todas as dicas que demos neste artigo, também contrate diferentes transportadoras, logo que assim você terá uma maior variedade de prazos e preços para oferecer ao seu cliente e evitar todos os problemas relacionados à entrega.
Junto a isso, use o ERP, mencionado anteriormente.
Ele ajudará na questão estratégica, não apenas ao diminuir os gargalos logísticos, mas também na previsão de cada ação logística, dando maior controle sobre todos os processos.
Gargalos logísticos, nunca mais
Muitos destes entraves estão, de fato, intrínsecos aos processos logísticos e sequer temos controle sobre eles.
Porém, o primeiro passo para não ficar refém desses problemas é saber identificá-los, e entender como interferem na logística da empresa.
E com as dicas que apresentamos aqui, você já conhece possíveis caminhos para poder contornar tais situações.