O café é um produto que tem importância histórica e econômica em nosso país.
A relação entre o desenvolvimento do Brasil e a cafeicultura é tão íntima que ainda nos tempos da escola, somos convidados a estudar o ciclo produtivo do café e seus impactos sobre a sociedade.
Hoje em dia, o café já não é mais o grande protagonista econômico, porém, a indústria cafeeira ainda fatura alto.
A Embrapa estima que as lavouras brasileiras movimentarão mais de 71 bilhões de reais em 2022.
Isso significa que existe uma gigante cadeia produtiva e logística, que abrange desde o campo até os supermercados.
Quer saber mais sobre a cadeia de suprimentos do café e como funciona todo o processo logístico deste mercado?
Acompanhe este conteúdo e tire suas dúvidas!
Quais são as fases da cadeia de suprimento do café?
1. Plantio
Como acontece com qualquer produto agrícola de origem vegetal, a cadeia produtiva começa pelo plantio.
Três estados brasileiros se destacam pela alta produção. São eles Bahia, São Paulo e Minas Gerais.
De acordo com a Embrapa, a produção de café ocupa 1,82 milhão de hectares de terras produtivas.
Mas não podemos esquecer que a cadeia de suprimentos do café não começa no plantio.
Agricultores precisam preparar a safra, algo que envolve a compra de insumos como defensivos agrícolas, fertilizantes e até mesmo máquinas, como colheitadeiras.
Os melhores produtores também ficam de olho na qualidade do produto enquanto ele cresce.
Para monitorar o desempenho da lavoura, são utilizados equipamentos que analisam a umidade dos grãos, o pH do solo e até a quantidade de nutrientes presentes no terreno de plantio.
2. Colheita
O início do ciclo produtivo do café é um pouco longo se comparado com outros grãos.
É necessário esperar entre 5 e 7 anos até que a planta comece a produzir frutos. Após a maturação, um pé de café tem ciclo bianual.
Segundo especialistas, a colheita do café deve ocorrer quando o fruto está no estágio de maturação (cereja).
O agricultor precisa conciliar a maturação fisiológica (que é o momento em que o fruto do café fica vermelho ou amarelo) com os meses de maior estiagem.
A recomendação é que a colheita ocorra entre março e setembro.
3. Processamento e transporte
Feita a colheita, os produtores lavam os grãos, fazem a secagem em terreiros com auxílio de maquinário, até que fiquem ressecados.
Neste ponto, o volume de cada grão está bem reduzido.
Eles também já perderam a coloração, tornando-se frutos secos com casca escura.
Este é o ponto ideal para o transporte.
A partir de agora, os grãos são ensacados e estão prontos para serem distribuídos.
O destino são as cooperativas agrícolas, que fazem a intermediação com indústrias e empresas que operam no mercado cafeeiro, ou as indústrias de processamento, onde ocorre a torra e a moagem.
Além do mercado nacional, as lavouras de café distribuem seu produto mundo afora. De acordo com a Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), o Brasil exportou 40,3 milhões de sacas em 2021.
Cada saca pesa 60kg, o que significa que nosso país mandou mais de 2 milhões de toneladas de café para países da Europa, América e Ásia.
Atualmente, o maior consumidor do café brasileiro são os Estados Unidos.
4 principais desafios da cadeia de suprimentos do café
Como dito anteriormente, a logística é ponto-chave para o bom desempenho da indústria cafeeira nacional e de toda a cadeia de suprimentos do café.
Contudo, existem alguns desafios nesta cadeia, que precisam ser analisados de perto por produtores e profissionais que atuam neste mercado. Veja alguns deles abaixo.
1. Armazenagem
Os locais de armazenamento da produção cafeeira precisam respeitar algumas regras para que não haja danos ao produto.
Nem todas as regiões produtoras dispõe de espaços apropriados, o que significa que parte da produção é impactada por um processo descuidado de armazenagem.
O processo de ensacar o café também é importantíssimo para manter o produto intacto. Como já falamos por aqui, os sacos precisam ser feitos com material específico e selados corretamente para evitar problemas.
2. Transporte
O deslocamento da produção cafeeira também é desafiante devido à falta de opções.
A maioria das regiões produtoras dispõem apenas da malha rodoviária para chegar até os principais portos e aeroportos, o que encarece a logística.
Modais navais e ferroviários são mais econômicos, porém, são mais escassos.
O custo do transporte é transferido para o produto final, portanto, em tempos de alta no preço dos combustíveis, é natural que o café distribuído no mercado nacional e internacional encareça.
3. Controle de qualidade
Existem diversos processos de análise e controle de qualidade do café, que devem ser feitos para assegurar que o produto tenha o padrão mínimo exigido pelos compradores.
Existem empresas especializadas neste processo de controle, o que ajuda a regular e padronizar o produto.
4. Planejamento logístico
Por fim, o planejamento é um desafio constante.
As empresas que realizam o transporte e armazenagem da produção cafeeira nacional precisam oferecer aos clientes um processo sólido, seguro e que adote padrões de qualidade e prazos condizentes com a necessidade do mercado.
Da indústria para o varejo: a importância de uma boa logística
A cadeia de suprimentos cafeeira exige dedicação à logística.
O transporte e armazenamento são pontos-chave para que o produto chegue ao consumidor de forma ágil e sem alterações e danos.
Após a secagem, a primeira etapa logística é o ensacamento da produção.
Parece algo simples, mas os sacos precisam ser selados corretamente para evitar a contaminação dos grãos, invasão de possíveis pragas e, claro, a perda da produção.
Por isso, é recomendado o uso de maquinário apropriado para a costura e selagem das sacas.
Veja também: 4 melhores Máquinas de Costurar Sacos (Análise completa)
Ao sair das cooperativas e fazendas, o café vai para galpões e armazéns, onde tudo fica armazenado até que as sacas sejam adquiridas pelo mercado interno ou direcionadas para outros países.
O modal de transporte mais utilizado para escoar a produção é o naval.
O porto de Santos (SP) é responsável por escoar 82% das exportações cafeeiras nacionais.
Dentro dos locais de armazenagem, a logística é essencial. O produto precisa ser estocado com ajuda de empilhadeiras e carrinhos de carga.
Isso contribui para que a movimentação seja fácil e também para proteger os operadores e evitar problemas físicos com a manipulação de excesso de peso.
Como os armazéns de café lidam com grande volume de sacas e a necessidade de carregar caminhões e containers com frequência, é indispensável o uso de maquinário apropriado para agilizar o processo e evitar a criação de gargalos logísticos.
Quais são os tipos de café presentes no mercado hoje?
O café tem diversas espécies, porém, o Brasil (e praticamente todo o mundo) cultiva as espécies arábica e robusta.
A espécie arábica é plantada em regiões mais altas, entre 450 e 800 metros acima do nível do mar. Já a robusta cresce melhor em altitudes de até 450m.
Apesar de ser uma planta de origem tropical, o café produz melhor em temperaturas mais amenas.
Enquanto arábica prefere temperaturas entre 18 e 22 graus, a variação robusta está adaptada para ambientes mais quentes, entre 22 e 26 graus.
Em termos de sabor, o café arábica oferece um paladar mais complexo e menos cafeína. Geralmente, as bebidas de alto padrão são feitas à base dessa espécie.
Já o café robusta, por sua vez, é mais forte e amargo. Ele também é mais fácil de cultivar e está presente nos blends comerciais.
Por fim, vamos aos dados comerciais:
O café arábica corresponde a 59% da produção mundial, algo em torno de 100 milhões de sacas ao redor do globo.
O café robusta equivale a 41% da produção mundial. Estima-se que cerca de 70 milhões de sacas de robusta foram comercializadas em 2021.
O Brasil é responsável por 39% da produção global de arábica e 24% da produção de robusta.
Café: uma paixão do brasileiro (e do mundo)
Agora que você já conhece um pouco mais sobre a cadeia de suprimentos do café e todas as etapas logísticas e seus desafios, que tal pegar uma bela xícara de café e relaxar um pouco?
Para acompanhar seu cafezinho, que tal descobrir mais novidades sobre a produção agrícola nacional e todas as curiosidades e informações essenciais do agronegócio?
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