O Brasil é o quarto país que mais produz grão em todo o mundo, sendo responsável por 7,8% da produção mundial de commodities como soja, arroz e milho.
Somos também o maior exportador. Em 2021, 22,2% das exportações mundiais ocorreram aqui, e movimentaram 37 bilhões de dólares.
Dados como esses só revelam o enorme potencial agrícola que o Brasil possui, algo que não é uma novidade, afinal, sempre fomos um país de alto desempenho nas lavouras.
Mas apesar de apresentarmos números tão positivos, uma coisa é certa: poderíamos ter dados ainda melhores se não fossem as perdas de grãos no transporte rodoviário.
Estima-se que cerca de 13% de todas as perdas das safras de grãos ocorrem durante o transporte terrestre, e os motivos para este cenário envolvem desde estradas com péssima qualidade até desafios na logística do agronegócio.
Neste artigo, vamos explicar mais sobre este cenário das perdas em transporte e como é possível reduzir a perda dos grãos via transporte rodoviário.
Acompanhe!
Quais são as causas da perda de grãos no transporte rodoviário?
Pesquisas feitas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), o modal rodoviário é responsável por 13,3% do total de perdas nas safras de grãos.
As perdas para agricultores giram entre 800 mil e 1 bilhão de reais.
Mas o que justifica dados tão alarmantes?
Para que você entenda bem o que está por trás de tantas perdas de grãos no transporte rodoviário, vamos dividir essa análise em 4 aspectos:
- Condição das estradas;
- Condição dos veículos de transporte;
- Condições de armazenamento;
- Violência nas estradas.
1. Conservação das vias prejudica números da safra de grãos há anos
O primeiro aspecto que contribui para as perdas no transporte rodoviário é relacionado com a infraestrutura da malha viária nacional.
Não é segredo para nenhum brasileiro que nosso país apresenta rodovias em péssimo estado de conservação.
Para se ter uma ideia da precariedade das rodovias nacionais, uma reportagem feita pelo Jornal Nacional apontou que 60% de todas as mercadorias que circulam pelo Brasil passam pelas rodovias, sendo que somente 12% delas são pavimentadas.
Esse problema é sistêmico e está presente de norte a sul do país.
Nas regiões produtoras de grãos, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, é comum encontrar vias com asfalto cheio de buracos e irregularidades.
As deformações nas vias contribuem para que o caminhão chacoalhe de um lado para o outro e dê “trancos” na carga, fazendo com que ela se desloque dentro do baú de carga e, muitas vezes, seja projetada para fora do veículo.
Mesmo o uso de lonas de proteção muitas vezes não é o suficiente para conter a vazão de parte da carga quando os caminhões passam por grandes buracos e defeitos da pista.
Além da perda ao longo do trajeto, as rodovias ruins são palco constante de acidentes envolvendo veículos que transportam grãos. Em um único acidente, é possível perder uma carga inteira estimada em milhares de reais!
2. Veículos em estado precário contribuem para o cenário de perda
Que atire a primeira pedra o agricultor que circula pelas regiões produtoras e nunca viu um veículo de carga — muitas vezes com 2 ou 3 carretas — caindo aos pedaços, lotado de grãos e deixando um rastro de perdas por onde passa.
Essa cena é bastante comum e tem relação direta com a qualidade da pista.
Se a estrada é ruim, isso impacta a capacidade de conservação do veículo, que sofre com muitas quebras e a necessidade de manutenção constante.
Soma-se aqui o valor dessa manutenção, que muitas vezes é cara, e o desinteresse de alguns produtores em gastar com ações preventivas nos veículos e pronto: temos a receita perfeita do desperdício de safra na etapa logística de transporte.
Os problemas variam desde compartimentos de carga em ruínas e com diversos buracos por onde os grãos escapam até outros mais complexos, como amortecedores quebrados que aumentam o “chacoalho” da carga e tombamentos causados por desalinhamentos na direção e pneus estourados.
Além de tudo isso, ainda há o fator negligência na hora de dinamizar a carga.
Sim, muitas vezes a perda acontece porque o próprio produtor é conivente com a superlotação do caminhão utilizado em transporte, o que representa um risco maior de perda.
A lógica é a mesma de andar com um copo de água cheio até a boca.
É bem provável que você derrame o líquido no trajeto, algo que não aconteceria se o recipiente não estivesse completamente lotado.
3. Problemas de logística vão além do trajeto
A condição apresentada pelos silos e armazéns e a qualidade das ferramentas e processos utilizados para fazer a carga e descarga dos caminhões também justificam parte da perda ao longo das etapas de transporte.
Se a produção está aguardando transporte em um local de armazenamento de grãos adequado, as chances de perda de produção caem.
Agora, se o silo apresenta problemas de umidade ou se as canaletas de transporte até o silo de expedição estão cheias de furos ou desencaixes, as chances de perder parte da safra crescem muito.
A logística do agronegócio apresenta diversos fatores que impactam nos resultados, e a etapa de armazenamento representa um grande desafio para os produtores rurais quando não é executada da maneira correta.
4. Roubos de carga impactam dados de perda
Por fim, não podemos deixar de analisar outro problema sistêmico do Brasil: a violência.
Infelizmente, muitos caminhoneiros são surpreendidos com a ação de bandidos nas estradas brasileiras.
Essas quadrilhas são especializadas em roubo de carga, sendo que muitas delas miram commodities como grãos para revenda em um mercado paralelo, onde não há incidência de impostos e nenhum registro oficial da movimentação.
Esse problema é bastante comum nas regiões produtoras, onde os criminosos encontram diversos fatores que facilitam seu trabalho:
- A precariedade das estradas facilita a abordagem, já que os caminhões transitam devagar;
- A má condição da estrada contribui para quebras, que fazem com que o motorista fique exposto à ação dos criminosos com o caminhão parado;
- A geografia da região produtora também contribui. Em estados como MT e MS é comum que as fazendas fiquem em locais bem isolados e distantes da assistência policial;
- Boa parte dos caminhões não usam dispositivos de segurança como rastreadores e comunicadores via satélite, que são capazes de emitir alertas em caso de alterações no trajeto.
- A falta de conexão com a internet muitas vezes impede que o motorista sinalize o perigo e acione autoridades.
7 formas de reduzir a perda de grãos via transporte rodoviário
Agora que você já conhece melhor os principais desafios do transporte rodoviário de grãos no Brasil, que tal descobrir o que pode ser feito para reduzir as perdas?
Acompanhe nossas dicas a seguir.
1. Use veículos adequados para transporte e manutenção da frota
O uso de veículos inadequados ou que estão em baixo estado de conservação contribui para a perda de grãos ao longo do transporte.
Para evitar esse desperdício, é essencial realizar o transporte com caminhões adaptados ao transporte de cargas pesadas, como os que apresentam grade alta ou gameleira.
Além disso, é essencial executar manutenção periódica neles para que não haja sustos ao longo do trajeto.
2. Cuidado com o peso da carga
A distribuição dos grãos deve ser feita corretamente para evitar que o caminhão se desequilibre com facilidade e também para evitar a sobrecarga.
Caminhões sobrecarregados são ingredientes comuns em acidentes rodoviários.
Isso acontece porque o excesso de peso pode dificultar a frenagem e a realização de curvas.
Vale destacar que caminhões muito pesados podem sofrer punições das autoridades rodoviárias ao passar por balanças, isso sem falar no risco ao passar por estruturas comuns em estradas rurais, como pontes de madeira que cortam córregos e riachos.
3. Certifique-se que a lona está bem amarrada
Este é um ato simples, mas que faz muita diferença. Uma lona frouxa pode fazer com que seu caminhão, durante o transporte de soja, deixe um rastro de grãos perdidos ao longo de todo o trajeto.
O ajuste bem feito da lona também evita perdas devido à infiltrações de água da chuva, e aqui fica mais uma dica: as carrocerias com arco evitam que a água se acumule no topo da lona, o que é ainda melhor para a carga.
4. Faça uma boa projeção de rota
Sabe aquela história de que o barato pode sair caro? Isso também acontece no transporte rodoviário de grãos.
Em alguns casos, é melhor adicionar o custo do pedágio e encarecer o frete para evitar perdas em estradas ruins.
Um estudo da Confederação Nacional do Transporte divulgado pelo Globo Rural apontou que um caminhão perde, em média, 0,13% da carga em boas estradas. Em rodovias precárias, essa perda aumenta para 0,26%.
Esses dados significam que a escolha da estrada pode dobrar o seu prejuízo!
Portanto, vale a pena conferir as opções de trajeto e escolher as melhores estradas.
Essa atitude pode até encarecer o valor final do frete, mas representa economia na manutenção dos veículos e redução da carga perdida.
5. Limpeza do compartimento de carga é essencial
Após os trajetos, é indispensável limpar o compartimento de carga do caminhão para evitar que haja acúmulo de poeira e de grãos velhos, que ficam sujeitos à ação de fungos e animais.
Fica a nossa dica: vede o assoalho da carreta e as paredes com material liso e antiaderente de fácil limpeza.
Isso evita que grãos fiquem presos nas frestas e permite o descarregamento total.
6. Capacite os motoristas
A experiência do motorista também é essencial para evitar o desperdício.
Condutores negligentes podem se envolver em acidentes ou trafegar de modo que contribui para a perda da carga.
Por isso, é ideal fornecer treinamento para esses profissionais a fim de evitar atitudes negativas e informá-los sobre as melhores práticas ao volante.
7. Fique de olho nos locais de armazenamento
Os silos e armazéns também impactam na quantidade de grãos perdidos, por isso, é indispensável analisar a qualidade de armazenamento desses locais.
Faça uma boa análise da carga compatível e não abra mão de usar instrumentos de análise, como o medidor de umidade de grãos.
Chega de desperdício de dinheiro e recursos!
Como você pôde acompanhar, reduzir a perda de grãos no transporte rodoviário é algo possível, basta somar conhecimento, capacitação profissional e, claro, uma gestão inteligente dos processos logísticos.
Na hora de desenvolver estes processos, não se esqueça da importância de contar com o maquinário ideal para transporte e armazenamento, algo que você encontra aqui na EquipaCenter.
Colocamos à sua disposição os melhores equipamentos para logística, que podem ser adquiridos pelo nosso site!
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